Jake Kaufman |
Sim! Não qualquer um, mas um remake do clássico dos arcades Double Dragon que se você não conhece, deveria se matar marcou os anos 80. E isso inspirou os desenvolvedores a tal ponto que, na sua homenagem, os criadores desse remake aproveitaram pra zoar como tudo que torna os anos 80 tão legais e ao mesmo tempo tão cafonas: neon, histórias sem pé nem cabeça, vilões esdrúxulos (alguns parecem importados diretamente do filme clássico “Aventureiros do Bairro Proibido“), roupas e mais que tudo as músicas. A trilha original foi recriada com muita competência – apesar de me cansar um pouco ouvir alguns temas repetitivos – e as novas canções são tão chicletes quanto hits de Cindy Lauper e Journey – muitas inclusive são cantadas! Tudo é feito pra recriar a atmosfera oitentista, e há tempos não via uma trilha que encaixava com tanta perfeição com um jogo – ótimo, aliás.
Ah, antes que eu me esqueça: a trilha está disponível GRATUITAMENTE no site do jogo. Como explica abaixo a galera que fez o game:
Eu poderia falar de todos os 500 estilos diferentes de se fazer barulho que aparecem em Cosmosophy, mas nada falaria melhor ao ouvinte que comparar duas faixas tão distintas quanto Epitome XV e XIV. Uma carrega no peso do eletrônico e da atmosfera quase gótica, enquanto que a outra é um doom arrastado recheado com um solo “Shredder” de matar, e cujo crescendo é um dos mais deliciosos de acompanhar nos seus 9 minutos de duração.
Primoroso e sombrio. E se há algo que permeia os três álbuns e o tom dark, com vocais que alternam entre o tradicional do black metal com um lamento gótico distante e funéreo, o que não torna sua audição algo para todos os ouvidos. Nessa lista de hoje, aliás, ele deprimiria qualquer um que saísse da mais pura alegria ouvindo o 20º lugar, por mais fã de Double Dragon que você seja.
E o que mais me intriga é que eles não abdicam de cantar em francês, mesmo não sendo um tipo de língua diretamente associado ao estilo que produzem. Mas também porque, em termos de criatividade, eles estão anos luz à frente de quase tudo feito lá no norte da Europa.
Acho que a melhor definição do que eles fazem foi dada, de modo nada amistoso, pelo vocalista Vindsval (roubei da Wikipédia):
“Blut Aus Nord is an artistic concept. We don’t need to belong to a specific category of people to exist. If black metal is just this subversive feeling and not a basic musical style, then Blut Aus Nord is a black metal act. But if we have to be compared to all these childish satanic clowns, please let us work outwards [from] this pathetic circus. This form of art deserves something else than these mediocre bands and their old music composed 10 years before by someone else.”
Nota: Pela perfeita coesão no caos da criatividade e pelos culhões, 9 apolos!
15. The Overtones – Higher
Sim e não. Em sua concepção original, o fantástico The Overtones não é em si uma boy band nos moldes que estamos acostumados, mas bebem direto numa das fontes do estilo: o Doo-Wop. Esse estilo vocal americano que fez muito sucesso com cantores negros surgiu na década de 40 e influenciou muita, muita coisa. Basicamente, sem The Temptations, The Platters, The Flamingos e outros grupos maravilhosos, não teríamos a Motown e toda soul music como conhecemos!
Aí, no século XXI, cinco caras brancos, sendo três ingleses, um australiano e um irlandês, decidem fazer Doo-Wop moderno. E o resultado? Estiloso sem deixar de ser moderno, eu diria que o que o The Overtones faz é não apenas atualizar um antigo estilo consagrado mas, ao ficar no limite entre isso e as boy bands, ele melhora consideravelmente o pop dessas bandas de garotos dos anos 80 e 90. Claro que eles tem a vantagem de serem 5 caras que cantam muito e manjam demais de harmonização vocal, mas a produção de Higher (ainda se compararmos com o disco de estréia deles) se mostra uma coisa acertada. Esse disco é um exemplo de que pode haver pop de qualidade, que faz sucesso sem perder a essência e a qualidade do trabalho.
E os covers que eles escolheram mostram ainda mais o quanto eles são cantores mais que competentes. De clássicos como Sh-Boom, famoso na voz dos The Chords, a You’ve Lost that Loving Feeling, famosa com os Righteous Brothers e com, claro, o Rei, são todas versões maravilhosas. Eu os deixo, portanto, com a versão do clássico supremo Runaround Sue, ao vivo, pra vocês sentirem o quanto esses caras são bons. Não os subestimem pela embalagem: o produto final é simplesmente incrível.
Nota: por ressuscitar com propriedade o Doo-Wop e melhorar o estilo Boy Band de ser, 9 apolos e meio!
Na próxima publicação mais cinco pérolas de 2012, com Peixe, Funk e Tendões! Abraços!